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O Que é Endometriose
Endometriose é uma doença inflamatória crônica caracteriza pela presença de células do endométrio, fora da cavidade uterina, mais especificamente em outros órgãos da pelve como, bexiga, intestino, reto, peritônio (membrana que reveste a pélvis), trompas, ovários e ligamentos que sustentam o útero.
E o endométrio é um tecido que reveste a parede interna do útero, sensível às alterações do ciclo menstrual, e onde ocorrerá a implantação do óvulo fecundado.
E esse tecido do endométrio, mesmo deslocado, é estimulado a crescer pelos hormônios femininos e, na hora da menstruação, descamam junto com o endométrio original, provocando cólicas menstruais intensas.
Incidência
A endometriose acomete cerca de seis milhões de brasileiras, o que equivale a aproximadamente 15% das mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos) de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose.
A endometriose pode iniciar logo na primeira menstruação e se estender até a última. Mas geralmente o diagnóstico surge entre 25 e 35 anos de idade.
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Classificação
A endometriose tem três apresentações distintas sob o aspecto clínico e de imagem:
1) Endometriose Superficial
A endometriose superficial é definida por apresentar lesões, com profundidade menor que 5 mm, na superfície do ovário e/ou superfície endometrial com várias formas e colorações.
2) Endometriose Profunda
A endometriose profunda é definida pela demonstração histopatológica da infiltração do peritônio ou outros órgãos com profundidade maior que 5 mm.
3) Endometriose Ovariana
Presença de endometrioma no ovário.
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Causas da Endometriose
Todos os meses os ovários produzem hormônios que estimulam as células do endométrio, tornando-o mais espesso, para permitir a implantação do óvulo fecundado.
Se não houver fecundação, ao final de cada ciclo boa parte do endométrio irá descamar e será eliminada pela menstruação. E quando essas células endometriais, ao invés de serem expelidas, migram no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, lá irão se fixar, multiplicar e sangrar, dando início à endometriose.
Não se sabe ao certo como essas células endometriais saem do útero para outras regiões do corpo. Mas algumas teorias são:
Teoria da Implantação (menstruação retrógrada)
Acontece quando parte do sangue da menstruação, que contém células do endométrio, reflui no sentido oposto através das trompas de Falópio, e se deposita em outros órgãos, estabelecendo fluxo sanguíneo e gerando resposta inflamatória.
Teoria da Metaplasia Celômica
Células indiferenciadas, que revestem o abdômen e as cavidades pélvicas, durante o processo de diferenciação tecidual, sob determinados estímulos ainda desconhecidos, podem se converter em tecido endometrial, iniciando a doença.
Teoria do Sistema Imunológico Deficiente
O sistema imunológico é capaz de reconhecer essas células endometriais, implantadas fora do seu local habitual, e as destruir. Mas caso haja alguma deficiência no sistema imune, devido alteração genética ou até mesmo o estresse, esse reconhecimento e destruição pode ficar comprometido, facilitando o surgimento da doença.
O estresse tem impacto direto no sistema imune, quanto maior o estresse menor a eficácia do sistema imunológico.
Outras Causas
Após alguma cirurgia, como histerectomia ou cesariana, por exemplo, as células do endométrio podem prender-se às incisões cirúrgicas, e alí fazer um foco inicial da doença.
O sistema linfático ou sanguíneo pode, também, transportar células do endométrio para outras partes do corpo e dar origem a um quadro de endometriose em locais mais distantes.
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Fatores de Risco para Endometriose
Parentes de primeiro grau como, filhas e irmãs de pacientes com endometriose, tem maior risco de desenvolver a doença, cerca de 50%. Além do fator hereditário, outros possíveis fatores de risco podem ser:
- Começar a menstruar muito cedo;
- Nunca ter tido filhos ou ter filhos após os 30 anos;
- Ciclos menstruais frequentes;
- Fluxo menstrual mais intenso;
- Estresse;
- Anormalidades no útero.
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Sinais e Sintomas da Endometriose
Os principais sinais e sintomas da endometriose são infertilidade e dor pélvica. A intensidade da dor varia para cada pessoa, e não está relacionada à extensão da endometriose. No entanto, grande parte das mulheres refere uma dor de forte intensidade durante o período menstrual.
Em algumas mulheres a endometriose pode ser assintomática, ou seja sem sintomas, mas quando presentes, os sinais e sintomas mais comuns são:
- Dor abdominal pré-menstrual;
- Dor difusa ou crônica na região pélvica;
- Cólicas menstruais intensas e progressivas (dismenorreia);
- Sangramento menstrual intenso ou muito irregular;
- Dor durante as relações sexuais (dispareunia);
- Alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação como dor e sangramento;
- Dificuldade para engravidar e infertilidade;
- Fadiga crônica.
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Diagnóstico da Endometriose
O diagnóstico da endometriose é feito por meio da análise dos sinais e sintomas da paciente (anamnese), do exame físico, fatores de risco e exames complementares como, ultrassonografia, exame ginecológico, e exames de sangue. Destacam-se:
- Exame Ginecológico e Retal: possibilita a investigação da região pélvica, procurando por anormalidades como massas ou nódulos nos órgãos reprodutores, intestinais ou nas vias urinárias.
- Ultrassonografia Transvaginal: procedimento que permite a identificação de endometriomas (cistos associados à endometriose) nos órgãos da região pélvica, aderências pélvicas e em alguns casos a endometriose profunda.
- Ressonância Magnética: permite identificar os endometriomas e a endometriose profunda, mas com melhores taxas de sensibilidade e especificidade.
- Exame de Sangue: a avaliação que pode ser solicitada é um marcador tumoral chamado CA-125, que se altera nos casos mais avançados.
Confirmação do Diagnóstico
Após a identificação de alguma alteração nos exames de imagem poderá ser solicitada a realização de uma biópsia da lesão para confirmar o diagnóstico, que poderá ser realizada por:
- Laparoscopia: é realizada uma pequena incisão logo abaixo do umbigo e outra em baixo ventre, e com a ajuda de um laparoscópico há a possibilidade de avaliação das lesões na cavidade pélvica e abdominal, e se for o caso, retirada das mesmas para avaliação histológica e laboratorial. No entanto, com os avanços tecnológicos dos exames de imagem, a laparoscopia, hoje em dia, é mais usada como método de tratamento da endometriose e não de diagnóstico.
- Laparotomia: um outro procedimento cirúrgico que também pode ser necessitado tanto para diagnóstico quanto para tratamento da endometriose, dependendo das necessidades da paciente. É um método mais invasivo quando comparado à laparoscopia, e atualmente bem menos utilizado. É realizado uma incisão abdominal maior para acessar os órgãos internos e avaliar as lesões da endometriose.
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Tratamento da Endometriose
O tratamento da endometriose visa controlar a dor, diminuir a progressão da doença ou até retirar áreas afetadas pela doença.
Cada tratamento apresenta suas especificidades e cabe ao médico avaliar a gravidade dos sintomas, a extensão e localização da doença, o desejo de engravidar e a idade da paciente, para então decidir o melhor tratamento. Não se automedique, apenas o seu médico saberá dizer qual o melhor medicamento a ser usado, por quanto tempo e quais seus efeitos colaterais.
Opções de tratamento de acordo com o Ministério da Saúde incluem:
Tratamento Medicamentoso
Anti-inflamatórios e analgésicos: para controle da dor.
Anticoncepcionais: usados para interromper o ciclo menstrual, ou seja, não ocorrerá mais a menstruação. Criando assim, um ambiente inadequado para o crescimento e a manutenção dos implantes da endometriose. Esse tratamento visa aliviar as dores e retardar o crescimento do tecido endometrial ectópico (fora do útero). Mas infelizmente não tem atuação sobre as lesões já existentes de endometriose.
Agonistas de GNRh: medicamento que inibe a atividade dos ovários, e consequentemente a produção de estrogênio, e também altera o fluxo menstrual. Mas seu uso pode apresentar muitos efeitos colaterais, como ondas de calor, enrijecimento das articulações, secura vaginal, alterações de humor e redução da densidade óssea entre outros.
Tratamento Cirúrgico
Esse, geralmente, é o tratamento de escolha para pacientes com infertilidade associados à endometriose, e que desejam engravidar.
Também é indicado quando os sintomas são graves e incapacitantes, quando não houve melhora com tratamento medicamentoso, quando há distorção da anatomia das estruturas pélvicas, aderências ou obstrução do trato intestinal ou urinário.
A cirurgia, geralmente realizada por via laparoscópica, pode ser classificada como:
Cirurgia Conservadora: em casos mais leves e moderados, destrói focos de endometriose e remove aderências.
Cirurgia Definitiva: em casos mais severos, envolve a retirada do útero (histerectomia) com ou sem a retirada dos ovários (ooforectomia). Indicada quando há persistência dos sintomas incapacitantes mesmo após a terapia medicamentosa e cirúrgica conservadora, e outras doenças pélvicas associadas.
Por algumas vezes o tratamento pode exigir a combinação de ambos, tratamento medicamentoso e cirúrgico.
Endometriose Tem Cura?
Infelizmente não existe cura permanente para a endometriose. Entretanto, os tratamentos aliviam os sintomas parcialmente ou totalmente em grande parte das pacientes, com grande melhora na qualidade de vida.
Todavia, a endometriose pode regredir espontaneamente com a menopausa, devido à queda na produção dos hormônios femininos.
A histerectomia total representa a melhor chance de “cura” da endometriose. Em alguns casos, a doença pode voltar, mesmo após a histerectomia, mas é muito raro.
Complicações
Os tipos mais comuns de complicações causadas por endometriose são infertilidade e câncer de ovário.
Endometriose x Infertilidade
A endometriose está entre as causas possíveis da dificuldade para engravidar, mas a fertilidade pode ser restabelecida com o tratamento adequado.
Quando o endométrio começa a crescer, por estímulos hormonais, em locais fora do útero, como trompas ou ovário, ocorre uma inflamação local.
Essa inflamação pode desencadear um processo de cicatrização, levando a mudanças anatômicas importantes que podem alterar o funcionamento das trompas e impedir a chegada do óvulo fecundado até o útero. Além disso, a qualidade dos óvulos e do espermatozoide podem ser afetadas, impedindo assim a fecundação.
As chances de uma mulher com endometriose engravidar podem variar de acordo com:
- A idade;
- O tempo de esterilidade da mulher;
- Gestação prévia;
- Grau de severidade da endometriose;
- Avaliação dos outros órgãos reprodutores.
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Endometriose x Gravidez
A endometriose pode tornar mais difícil o processo de engravidar, mas não impede que uma mulher possa ficar grávida.
Após a confirmação da gravidez, pode ser necessário uma suplementação com progesterona, mas em outros casos não.
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia não existe risco de má formação do feto ou parto prematuro, diretamente relacionado à endometriose.
Dica
Pratique atividade física! Estudos indicam que a atividade física aeróbica regular libera endorfinas que:
- Apresentam efeito vasodilatador e analgésico;
- Inibem a secreção do hormônio FSH, responsável por estimular a produção de estrogênio nos ovários. Ou seja, quanto menos FSH menor a dose de estrogênio circulante, hormônio esse envolvido na endometriose;
- Neutralizam a adrenalina e o cortisol, que são hormônios do estresse, ou seja, ela reduz o estresse.
Com tudo isso controlado o sistema imune se torna apto para combater as células endometriais invasoras. As atividades físicas aeróbicas incluem caminhar, correr, pedalar, nadar entre outras, e o recomendado no mínimo 30 minutos 4 vezes por semana.
E uma dúvida muito frequente: endometriose não engorda!
Se você apresenta algum dos sintomas descritos acima, procure seu médico, para uma correta anamnese, avaliação física e exames complementares se necessários, para assim chegar ao diagnóstico e ao melhor tratamento para seu caso. Não se automedique.
E aí, essas dicas foram úteis para você? Caso tenha ficado com alguma dúvida deixe aqui nos comentários!
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